domingo, 4 de setembro de 2011

iPad, iBooks e a chamada Pirataria

Já falamos sobre o apelo de consumo além de promessas mirabolantes em torno do iPad.

Um aspecto, no entanto, não ficou bem esclarecido. O iPad vem com um leitor próprio de e-books, chamado de iBooks. Pode não ser o melhor em matéria de leitura de livros eletrônicos, mas exerce a função para o qual foi planejado.

A Amazon Books possui o Kindle, um aparelho digamos "burro", que só lê e-books.

Os consumidores, nos dias de hoje, fazem análises de custo benefício por conta própria, e chegam a conclusões como : é melhor o iPad, pois possibilita executar mais funções, outros aplicativos, etc. Mas não basta a análise de custo benefício, e ela nem deve ser feita se o primeiro apelo foi SÓ CONSUMO.

Você tem computador em casa ? O objetivo é lêr livros ? Pode ser em papel ? Se não puder ser em papel, cocê quer ler os livros andando de ônibus, de carro, de avião ? Você ainda pode ler em papel mesmo. A letra pequena incomoda ? Neste ponto começa a surgir uma NECESSIDADE, mas será que é real ? Você pode deixar de ler livros em trânsito ? Porque desta forma você pode ler no computador, aumentando a letra pelas ferramentas do programa disponível.

Pergunte-se ainda: Você ainda tem esta necessidade de ler livros de forma tão obrigatória, e a letra pequena atrapalha ? Não pode substituir esta atividade por outra, então ? Se não puder, então você precisa de um leitor de ebooks. Mas tem que ser iPad ? Você vai usar a "multidão de aplicativos" anunciada insistentemente, ao preço absolutamente imoral de 700 dólares (R$ 1200 mais ou menos), imoral sim para um equipamento sem possibilidade ampla de ligação de periféricos, e cujos softwares são, em sua maioria, pagos ?

Tenham a santa paciência. Ninguém precisa sair por aí, a não ser por força da profissão, munido de algo tão caro, que atrai marginais, apenas para exibir poder aquisitivo.

Um livro em papel, com alguma leitura que preste, custa algo que vai desde R$ 35,00 até R$ 90,00, e pode levar anotações, estando disponível a toda hora, além de ser um objeto, pelo menos no Brasil, à prova de roubo. Já um ebook, no Mercado Livre, dentro de um espectro limitado de títulos (provavelmente aqueles que ninguém quer ler), está em R$ 7,00. Mas bons títulos (best-sellers) estão entre US$ 7 a US$ 13 (R$ 13 a R$ 20), com a desvantagem de terem que ser baixados, e dependentes de um iPad ou Kindle.

Se o leitor cansa do livro em papel, pode vendê-lo (o meio é propriedade sua). Já um ebook não é seu, e não tem o princípio de "mídia em estado sólido"; ele é absolutamente virtual. Se o leitor para aquele formato sumir do mercado, e você reinstalar seu iPad, já era.

Pirataria

Pirataria é um termo cunhado para justificar preços altos, com a desculpa de resguardar direitos autorais, mas bem conveniente para as elites afastarem o público em geral daquilo que elas querem só para si. No caso do tema deste post, livros, que significa cultura, e dirigido para pesquisadores, aceitar taxas de R$ 110,00 (um bom livro de faculdade) para baixar é exploração, e está contradizendo o princípio de que o Estado é responsável por Educação.

O estudante universitário, e o aspirante a mestrado e doutorado precisam baixar pelo menos um 50 livros para a pesquisa de um só tema. O custo pode chegar a absurdos R$ 5500,00, mais compatível com o custo de reforma de imóvel. Absurdo.

Os fabricantes, sim, fazem pirataria: Tomada de dinheiro indevido do consumidor, e ainda respaldados pela lei, escondidos por detrás de CNPJs, impostos que tentam burlar e táticas de comunicação para o público que tentam criar necessidades em cima de necessidades.

Conclusão

Veja bem se não está acompanhando modismos, e no caso dos ebooks, se não está comprando um complicador ao invés de leitor de ebooks.